domingo, 21 de fevereiro de 2010

Matiné

"Jukebox: o ‘dark side’ em versão matine
Afinal, nem só de noite vive o movimento gótico. António Marreiros fala sobre a sua sessão predilecta. A meio da tarde.
A Sociedade Filarmónica João Rodrigues Cordeiro, fundada no longínquo ano de 1896, abre todos os sábados as portas, na estreita Rua da Fé, para os seus devotos seguidores. Entre as quatro da tarde e as nove da noite dezenas e dezenas de pessoas invadem o espaço. Mas não é com acordeões e ferrinhos que se passa o tempo. É mesmo a ouvir rock, punk, metal e seus derivados numa tarde que tem o nome de Jukebox. E onde a maioria dos entusiastas da matiné não veste outra cor que não o preto.
Quando entramos por uma pequena porta estamos longe de imaginar o cenário que nos espera. Subindo uns bons degraus chegamos a um bar onde a mesa de matraquilhos e o balcão de inox são as grandes referências. Podia muito bem ser o café central de qualquer província. Mas os decibéis da sala ao lado aniquilam qualquer comparação. Estamos a falar de um ginásio com pé-direito generoso a debitar muita guitarra eléctrica.
Depois de ultrapassarmos um cavalo (aparelho de ginástica), a enorme sala escura e despida (até dos espaldares) surge com muitas pessoas. Ouvem-se os últimos acordes de uma música bem rasgadinha e começa Rage Against the Machine. A pista enche-se. Percebemos imediatamente que um ginásio é uma escolha perfeita para estas tardes. Mais parece que estamos numa aula de body combat. Gritos, saltos, corpos suados e temperatura a condizer. Mas com espaço para fazer tudo isto com relativa segurança. O refrão é libertador: “Fuck you, I won’t do what you tell me!” Muitas guitarradas depois e a música acaba (qual sociedade filarmónica) com um vigoroso coro e uma só palavra: “Motherfucker!” Verdadeiro êxtase.
Logo surge um jovem a gritar para o DJ: “Ó Mário, põe Pantera”. Mário não lhe dá ouvidos. Já passa das oito da noite e a partir desta hora os pedidos não são atendidos. Quando a matiné começa os mais novos até têm direito a ouvir os seus próprios cds. Mas com o evoluir da tarde a sessão de discos pedidos acaba. Apesar da cabine de som estar algo inacessível, a três metros de altura (e com mesas de pingue-pongue a servir de obstáculo), há sempre pequenos acrobatas que conseguem aceder às escadas que acabam na cara de Mário.
Falta menos de uma hora para terminar a sessão e o ritmo começa a desacelerar. Mas não muito. Depois de Chemical Brothers e Prodigy entram Joy Division e Placebo. Até se vê um casal que parece estar a dançar um slow. Provavelmente, já só se conseguem ouvir um ao outro. Apesar de uma maioria gótica e metaleira, também sobra espaço para aqueles que apenas querem curtir a sua música. Há muitas t-shirts brancas, camisas e até gravatas. Mas também há meias encarnadas até ao joelho. A faixa etária começa na adolescência das primeiras saídas, continua pelo entusiasmo dos vintes, trintas... e só acaba na experiência dos quarentas. Comum a todos é a garrafa de cerveja na mão.
Com o soar das nove badaladas é hora de ir jantar. Depois, aqueles que continuam com vontade de manter o mesmo registo têm duas hipóteses. Ou vão até ao Metropolis (que em tempos se chamou Whispers), em plena cave do Centro Comercial Imaviz. Ou optam pelo bas-fond do Cais do Sodré, mais concretamente, pelas traseiras da rua mais agitada de bares e discos e entram no Transmission. O ambiente pode ser ainda mais dark, mas o DJ... é o mesmo da matiné.

Jukebox. Rua da Fé, 46 A. Sábados das 16.00 às 21.00.
Transmission. R. de São Paulo, 27 . Sex e Sáb das 23.00 às 04.00.
Metropolis. Av. Fontes Pereira de Melo, 35, CC Imaviz. Sex e Sáb das 23.00 às 06.00. "

Texto retirado do site TimeOut
 
 
 
 
 
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Eu gostei muito =D
 
[Tambem houve tempo para coisas menos normais, chamarem me pombinha e ainda receber um abraço de um "desconhecido"]
 
 
Paz e Amor
 
K!

2 comentários: